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No começo do ano dei uma entrevista para o fanzine HQ em Andamento na seção Papo de Risco. Pra falar sobre a minha produção de quadrinhos para os grandes estúdios e editoras do Brasil. Segue abaixo a primeira parte da entrevista

 

Papo de Rico - O convidado do papo de risco dessa vez é o quadrinista Raimundo Guimarães de Cerqueira Júnior ou  Rai Guimarães ou simplesmente Rai. Desenhista e roteirista de histórias em quadrinhos. 

 

Papo de Risco - Rai, você foi roteirista profissional de quadrinhos na editora Abril e Globo. Trabalhou com Disney, Menino Maluquinho, Sítio do Picapau Amarelo e atualmente trabalha com a Turma da Mônica! Quais desses trabalhos você achou mais legal de fazer?

 

Rai Guimarães- Trabalhar com a Turma da Mônica sem dúvida é o melhor! Falo isso baseado na minha experiência atual. Isso porque eu tive duas passagens pelo MSP. A Primeira, no começo dos anos 2000, eu entrei com alguns roteiros aprovados e depois não consegui aprovar mais nada. Na época eu não tive paciência e nem me esforcei o suficiente para tentar me manter no trabalho. Fiquei lá só alguns meses. Agora vejo que foi um baita erro, mas na época eu não percebi e saí de um lugar que era muito concorrido e todos queriam trabalhar. 

Só que  eu sou uma pessoa que busca evoluir e aprender constantemente. E estou sempre tentando rever meus posicionamentos e buscando ver as coisas sem preconceitos e por vezes eu mudo de opinião baseado nas experiências que eu tenho ao longo do tempo. Eu acho que isso é uma coisa que o MSP faz o tempo todo. A Turma da Mônica de hoje não é a mesma de 10, 20, 30 anos atrás. Há uma constante evolução dos personagens no decorrer do tempo e isso me agrada muito. Passados mais de 10 anos da primeira experiência, eu pedi para voltar a fazer roteiros, e por sorte minha, eles me aceitaram. E desde 2015 estou fazendo os roteiros regularmente.

 

Papo de risco - Várias gerações de desenhistas sonharam em trabalhar com o Maurício de Sousa. Como é pra você poder conhecer e trabalhar com esse mito dos quadrinhos nacionais?

 

Rai Guimarães - O Maurício de Sousa sempre foi o grande “personagem” dos quadrinhos brasileiros. Desde criança a gente ouve histórias sobre ele. Nas rodas de quadrinistas se fala sobre ele, na faculdade se falava sobre ele. A gente ouve de tudo. Coisas muito boas e outras nem tanto. Na minha primeira passagem pelo MSP eu não tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente então minha opinião ficou baseada no que eu ouvia, o que é uma tremenda bobagem. Atualmente tive a oportunidade de conhecer ele, de falar brevemente, de participar de reuniões. Pelo pouco que eu puder participar consigo dizer que ele é uma pessoa muito boa, alegre, bem-humorado, respeitoso e carinhoso com a família, amigos e funcionários. Ele valoriza  e se preocupa com quem trabalha pra ele e te dá a oportunidade de crescer. Daí é com você, deixar de acreditar em fofocas maldosas e aproveitar a oportunidade de estar lá.  

 

Papo de risco - Agora vamos falar sobre sua fase na Disney. Sabemos que Walt Disney é também outro grande mito dos desenhos animados. Ele também foi seu ídolo?

 

Na verdade não. Nunca tive essa coisa de idolatrar as pessoas. Gostava muito dos desenhos animados. Os quadrinhos Disney eu nunca tive o hábito de ler quando era criança. Eu lia mais turma da Mônica mesmo. Mas no começo dos anos 1990 eu fui levar alguns quadrinhos de humor e ficção científica para apresentar ao Sérgio Figueiredo, um editor na Editora Abril. Porém a revista para a qual eu estava levando material encerraria as publicações naquele mês. Foi aí que o Editor me disse que se eu quisesse colaborar lá a única opção seria fazer roteiros para a Disney, especialmente para o personagem Zé Carioca. Então achei que era uma boa oportunidade. Me preparei lendo muitos quadrinhos da Disney e escrevi 4 roteiros. Dos 4, 3 foram aprovados pelo Editor Chefe Primaggio Mantovi. E durante 3 anos eu escrevi roteiros para os personagens Zé Carioca e também fiz alguns roteiros para a turma da T.V. Colosso.


 

Papo de risco - Nos anos 2000 você começou a escrever histórias e a desenhar para a turma do Menino Maluquinho para a editora Globo. Conte pra gente como foi essa experiência.

 

Rai Guimarães - Em 2007 eu estava trabalhando como ilustrador e professor de desenho. Andava meio afastado dos quadrinhos, mas sempre com aquela vontade de continuar a escrever e produzir. Daí, indo em bancas, descobri que a editora Globo havia começado a produzir quadrinhos infantis do Menino Maluquinho, Julieta e Junim. Além disso, iam fazer quadrinhos do Sítio do Picapau Amarelo e Cocoricó. Não pensei duas vezes, comprei algumas revistas, peguei o contato dos editores no expediente e liguei perguntando se precisavam de roteirista. A resposta foi positiva, então escrevi algumas histórias e as enviei para avaliação. Gostaram e durante 3 anos colaborei com a editora fazendo roteiros, passatempos e desenhos. Foi uma época muito boa.

 

Papo de risco - Muito legal, Rai Guimarães. Matamos um pouco a curiosidade do leitor sobre sua carreira no mundo dos quadrinhos comerciais. Em breve gostaria de te entrevistar para falar da sua produção autoral. Sei que você tem um personagem que é um detetive.

 

Rai Guimarães - Eu que agradeço. É sempre bom falar de quadrinhos. Sim, tenho um personagem que se chama Galo Costa. Vai ser um prazer falar dessa criação com vocês do Papo de Risco.

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